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23 de janeiro de 2013

POLUIÇÃO DAS ÁGUAS


 Segundo convenções internacionais, a poluição dos oceanos é a introdução, pelo homem, de substâncias que provoquem, direta ou indiretamente, danos à vida marinha, ameacem a saúde humana ou comprometam a atividade pesqueira. Os principais poluentes do meio marinho são o esgoto doméstico, petróleo e seus derivados, metais pesados, substâncias organocloradas e o lixo.
O termo poluição é utilizado para designar a introdução de qualquer substância que normalmente não existe no ecossistema e à qual os organismos não estão adaptados. Essas substâncias, chamadas de poluentes, provocam a degradação física e química do ambiente.

Esgoto doméstico

O despejo de esgoto não tratado no mar provoca o aumento da matéria orgânica presente na água, levando a uma elevação na quantidade de nutrientes disponíveis. Esse processo é conhecido como eutrofização. O aumento na concentração de nutrientes permite o crescimento rápido e intenso de microalgas marinhas. Após certo tempo, essas algas morrem e são degradadas por bactérias decompositoras.
O processo de decomposição das algas consome o oxigênio dissolvido na água, reduzindo sua disponibilidade para os organismos marinhos. Além disso, a grande quantidade de algas torna a água do mar turva, prejudicando a fotossíntese e reduzindo ainda mais o teor de oxigênio na água.
Outro problema gerado pelo despejo de esgoto é a possibilidade de contaminação da água do mar por microrganismos patogênicos, muitas vezes presentes nas fezes humanas, que podem causar doenças como a hepatite e a cólera. A fim de evitar esses problemas, medidas de saneamento básico, como a fiscalização dos emissores e o tratamento do esgoto doméstico, devem ser adotadas.

Derramamentos de petróleo

O petróleo pode ser liberado no mar de diversas formas: devido a acidentes durante o percurso dos navios transportadores, durante a lavagem dos tanques dos navios, devido a acidentes nos dutos que o conduzem às usinas de refinamento ou por causa de vazamentos nas estações de extração.
Após um derramamento de petróleo, as primeiras horas são as mais críticas, pois é o período de ação da fração volátil do petróleo, que é composta por substâncias extremamente tóxicas. As substâncias voláteis formam uma espécie de bolha letal na atmosfera, que intoxica e mata todos os organismos que respirarem esse ar contaminado.

Musse tóxica

Por outro lado, a fração solúvel do petróleo se alastra pelo mar, atingindo as praias e costões rochosos e também descendo pela coluna d'água. A ação das ondas transforma o petróleo numa espécie de espuma tóxica, chamada de "ponto de musse", que se espalha ainda mais facilmente pelo ambiente.
A fração solúvel do petróleo causa sérios danos à biota marinha. Intoxica e mata os microrganismos presentes no plâncton, gruda nos organismos marinhos, dificultando ou até mesmo impedindo suas funções vitais, recobre os habitantes dos costões rochosos, como os crustáceos e os moluscos, impedindo que eles se alimentem e realizem suas trocas gasosas.
As aves marinhas também podem ser afetadas, pois o petróleo pode grudar em suas penas, impedindo-as de impermeabilizá-las e, às vezes, até mesmo de voar.
Existem algumas bactérias capazes de degradar o petróleo. A eficiência do uso de tais microrganismos para a limpeza de áreas atingidas por derramamentos vem sendo estudada. No entanto, é muito melhor tomar atitudes que evitem ou minimizem as ocorrências de acidentes durante o transporte e a produção do petróleo, evitando ao máximo que esses desastres ecológicos ocorram.

Metais pesados

Certos processos industriais, entre as quais a produção de celulose e de tecidos e a fabricação de tintas e solventes, geram metais pesados, tais como o mercúrio, o chumbo e o cádmio, como resíduos. Caso a indústria não realize o tratamento adequado de seu esgoto, esses metais serão lançados em rios, que acabam por desaguar no mar, contaminando-o.
Os metais pesados se acumulam no organismo e podem causar sérios problemas, como disfunções do sistema nervoso e aumento na incidência de câncer, em animais marinhos e também no homem. Assim, o esgoto industrial deve ser tratado antes de ser despejado em rios. Além disso, os emissários industriais devem ser fiscalizados e monitorados para detectar possíveis descargas de metais pesados.

Contaminação por organoclorados

Os organoclorados, também conhecidos como "poluentes orgânicos persistentes", ou simplesmente POPs, pois não se degradam facilmente na natureza, são substâncias que se originam, principalmente, na produção de pesticidas e plásticos.
Os POPs não são solúveis em água. No entanto, são extremamente solúveis em lipídios. Por isso, se acumulam na gordura dos animais, afetando toda a cadeia alimentar. Essas substâncias podem causar sérios danos aos organismos, afetando seu sistema nervoso, circulatório, imunológico e reprodutor.
Um exemplo de organoclorado é o pesticida chamado de DDT. Nos anos 70, quando seus efeitos nocivos ainda não eram conhecidos, ele foi amplamente utilizado no combate a pragas agrícolas, chegando aos oceanos através da água das chuvas, carregado pelo ar e pelo acúmulo na cadeia alimentar. Atualmente seu uso é proibido, porém, devido ao seu acúmulo nos organismos, ainda podemos encontrá-lo nos oceanos e nos organismos marinhos.

Lixo

Todos os anos, centenas de toneladas de lixo chegam às praias de todo o mundo trazidas pelo mar. Uma das principais fontes do lixo nos oceanos são as embarcações, tais como veleiros, cargueiros ou navios turísticos, que despejam seu lixo diretamente no mar. Outra fonte de dejetos é a descarga em rios próximos à zona costeira ou diretamente nas praias; a ação das correntes e das ondas acaba por espalhar esse lixo pelo oceano.
O lixo jogado no mar representa uma séria ameaça aos organismos marinhos. Muitos animais, como as tartarugas marinhas e os golfinhos, confundem pedaços de plástico ou vidro com os seus alimentos, engolindo-os e morrendo sufocados. No Brasil, existe o registro do caso de um filhote de baleia jubarte que morreu de inanição, após ingerir tampinhas de garrafas plásticas que ficaram presas em sua garganta, impedindo a passagem do leite materno.

Medidas de proteção aos oceanos

Para evitar as agressões ao meio marinho, convenções internacionais determinam que todas as embarcações devem manter os resíduos produzidos a bordo em recipientes, sendo proibido e passível de multa o seu descarte no mar. No entanto, uma vez que não se pode identificar precisamente a origem dos dejetos, a fiscalização dessas ações é extremamente difícil.
Como pudemos ver, existem diversas e perigosas fontes de poluição que ameaçam o ambiente marinho. Para continuarmos a usufruir da enorme fonte de biodiversidade e recursos naturais que o mar representa, precisamos repensar nossas atitudes. Assim, além de desenvolver técnicas de recuperação de áreas degradadas, é fundamental a adoção de medidas de proteção que evitem novas contaminações e danos ao ecossistema marinho.

16 de janeiro de 2013

VOCÊ QUERIA VIVER PRESO?


Pássaros em gaiolas: chegou o momento da mudança

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“A Polícia Militar prendeu uma mulher, na manhã deste sábado (19), que mantinha pássaros silvestres dentro de casa, na quadra 803 do Recanto das  Emas, no Distrito Federal. Segundo a polícia, foram apreendidos dois pássaros pretos, um sabiá laranjeira, um papa-capim e um colerinha baiana.” – texto da matéria “Mulher é presa por manter pássaros silvestres em residência, no DF”, publicada em 19 de maio de 2012 pelo portal G1
passaro gaiola renata diem Pássaros em gaiolas: chegou o momento da mudança
Encarcerar a liberdade: hábito  / Foto: Renata Diem
Não vou criticar a ação da Polícia Militar do DF. Muito pelo contrário. A corporação está fazendo seu trabalho; cumprindo sua obrigação. O que pretendo, ao destacar essa notícia, é propor uma reflexão.
Não há quem não conheça, no Brasil, pessoas que mantêm pássaros em gaiolas. Seja na cidade grande ou nos vilarejos, em zona urbana ou nas propriedades rurais, o hábito de criar aves em cativeiro está disseminado pelo país. É cultural.
Agora, imagine se as polícias e o Ibama realmente começarem a apreender todas as aves que vivem ilegalmente nas gaiolas e puleiros espalhados pelas casas. Não ia ter lugar para abrigar todos os animais – os centros de triagem e recebimento de animais silvestres já estão precários e superlotados…
A fiscalização e a repressão ao tráfico de animais passam pelas mãos da polícia, mas o problema não será resolvido por essa via. A imprensa noticia tais ações e não cobra do poder público trabalhos efetivos para resolver o problema.
E sabe o porquê não cobra? Por que é ignorante e conhece o tráfico de animais superficialmente.
Ninguém fala ou escreve pela mudança das leis fracas para esse crime ou toca na educação ambiental. Pela necessidade de conscientizar as pessoas de que lugar de bicho é no mato, cumprindo suas funções ecológicas.
charge Junião tráfico 600x450 Pássaros em gaiolas: chegou o momento da mudançaO poder público e a imprensa não mostram para a população que a retirada de 38 milhões de animais silvestres da natureza por ano, no Brasil, pelo tráfico reflete na vida de outros milhões de animais e plantas por causa da importância de cada um na cadeia alimentar, na teia alimentar a que pertence.
O hábito de manter aves em cativeiro é cultural. Mas a cultura não é estática e se modifica de acordo com as mudanças do pensamento humano. E chegou a hora desse traço cultural brasileiro (e mundial) mudar na direção da valorização da vida silvestre livre.

PÁSSARO EM GAIOLA = TRISTEZA


Pássaros em gaiolas: receitas de liberdade

Dizem que passarinho de cativeiro morre se for solto da gaiola. Morre nada, quem diz-quê? Se morrer, livre lá do alto, leva menos tempo para chegar ao céu. Afinal, que graça pode ter um pássaro atrofiado dentro de uma gaiola, tanto para o próprio quanto para quem o vê?
Estou convicta de que, assim como as touradas na Espanha, a cultura da gaiola no Brasil já devia ter acabado. Confesso que gosto de soltar passarinhos dos outros, sem que ninguém me veja. Um delito irresistível. Desde a infância, seguramente, já libertei bem uns 80. Cheguei a comprá-los para soltar, sem saber, ainda criança, que estava alimentando esse mercado cruel. Para isso gastava todo o meu dinheirinho.
Pratiquei muito e posso dizer: existem duas formas de soltar passarinho nessa vida. A mais indicada é virar a gaiola de cabeça para baixo. O passarinho sobe e sai, sem trauma. Mas cuidado: o bebedouro e o alpiste podem derramar. Mas se a gaiola estiver presa ou for grande demais, aí é na raça. Tem de ser rápido: você dá uma olhada geral, mete a mão e torce para o pássaro se debater menos que da última vez. Negociar a liberdade dele seria mais razoável, porém muito arriscado. Se o dono não topar, você não vai mais poder libertá-lo sem levantar suspeitas. E provavelmente o passarinho vai ser trancado num quartinho de castigo, mais seguro. Duas coisas: suavidade e precisão ao agarrá-lo para não machucar as asas, e sair de perto da cena do crime assim que botar a mão no bicho. Depois, dê uma boa olhada nele, um carinho, levante os braços e abra as mãos, simplesmente.
Já os malditos poleiros de papagaios também não fazem sentido, assim como os próprios papagaios cativos. Silvestres, são retirados dos ninhos naturais e não se reproduzem em cativeiro, nem jamais se adaptam a ele. Sofrem muito antes mesmo de chegarem ao primeiro dono. Mesmo assim, soltá-los pode significar uma crueldade ainda maior. De asas cortadas ou atrofiadas pela falta de uso, a maioria não sabe voar, sequer pousar. Caem no chão, batem o bico, e lá ficam.
Pouca gente sabe, papagaios vivem 50, 60 anos. Por isso acabam sempre passados para frente ou abandonados em áreas de serviço frias e deprimentes. Eles morrem mais de tristeza do que de maus-tratos diretos, um tipo de mal de melancolia parecido com o banzo, que mata gente. Ganhei um de herança, há 6 anos. A dona se mudou e não pôde levar o bibelô, que
virou mala-sem-alça. Nunca imaginei ter um, sou contra. Fiquei com ele porque tive medo do que o destino pudesse lhe reservar depois da minha recusa. Sei que as histórias de papagaios são sempre tristes.
Como a maioria, o meu louro teve muitos donos e desventuras. Até onde eu sei, ele ficou três anos preso em uma gaiola de metal com pesadas correntes, para garantir o cativeiro do condenado. Não satisfeito, o antigo dono vinha, como se ele fosse uma galinha, abria suas asas num toco e metia o facão. Depois ele mudou de dono e de grilhão: foi para um poleiro de 20cm por 20cm sem nunca ter sido retirado, confinado em uma garagem de ferramentas escura, sem nenhuma janela “era o quartim”. Puxou 8 anos nessa solitária. Quando me foi dado, o louro estava depenado, seu pescoço estava mole, não emitia nenhum som, não reagia a nenhum estímulo a não ser encolher-se à luz do sol. Foi quando ele conheceu o sítio.
Passou um mês sem sair do mesmo galho, quando comecei a reabilitá-lo. Depois, todos os dias em uma árvore frutífera diferente. A pegada das patas foi ficando mais forte para alcançar outros galhos. Só descia às cinco da tarde, quando esfriava, chamando alguém para levá-lo para dormir no quentinho. Até hoje é assim. Vetei o corte das asas e das unhas, que garantem a firmeza da pegada. Troquei a corrente por uma cordinha de náilon. Mas percebi que atrapalhava seus movimentos e prendia nos galhos. O resgate era sempre difícil. Depois aprendeu a pousar. Hoje ele vive de árvore em árvore, e até se aventura perigosamente fora da cerca, no cerrado. Volta à tardinha. Outro dia tive de procurá-lo, desaparecido havia três dias. Por sorte estava com uma boa senhora, em uma chácara afastada. Prova frutinhas e sementes de todo tipo. Canta muito. Adora uma conversa. Outro dia tinha uma lagarta no bico. Fiquei feliz porque encontrar uma fonte de proteína para o louro era uma preocupação.
A última coisa que fiz foi tirar o anel de metal preso à canela. Esta lhe deformou a pata. Quando ficou completamente livre dos ferros, o louro passou o dia todo olhando para baixo, abrindo e fechando a garra, cantando sem parar. Aí escolhi seu nome: Garrincha, pelo gesto e pelo defeito na canela. O nome de antes, até aquele dia, não fazia sentido. Pavarotti. Mas recentemente descobri que o meu louro é fêmea. Ficou de novo sem nome. Que tal a liberdade?
Fonte: O Eco – www.oeco.com.br
Autora: Carolina Mourão – 28.08.2005

DICA PARA REAPROVEITAR PNEUS VELHOS


439536 Pneus usados na decoração dicas fotos 2 Pneus usados na decoração: dicas, fotosPneus usados na confecção de móveis.
reciclagem se apresenta como uma das formas de mudar a decoração e permite ainda que os moradores façam economia de dinheiro. Ao reaproveitar materiais recicláveis, é possível fazer mudanças criativas e de bom gosto dentro de casa, além de favorecer a criação de um visual personalizado para cada ambiente.
pneu usado, sendo ele de moto, carro ou bicicleta, pode ajudar a compor uma decoração sustentável e moderna. Este objeto que serve para o transporte costuma ficar abandonado no quintal servindo de habitat para mosquitos da dengue, mas através da reciclagem ele pode adquirir uma nova finalidade.
Existem muitas formas de usar pneus velhos na decoração, mas antes de trabalhar com técnicas artesanais, é importante lavar as peças e remover todos os resíduos. Independente se o pneu apresenta muito desgaste, ele contará com uma nova função na estética da casa.


DESCARTE DE PNEU VELHO



Falta de incentivos é problema na hora de descartar pneus

Especialista na área critica postura dos governos

A Política Nacional de Resíduos Sólidos (PNRS) entra em vigor no Brasil a partir de 2014, mas um importante material na sociedade, o pneu, já tem leis específicas para o seu descarte. No entanto, esse avanço caminha a passos lentos para sair do papel. De acordo com o engenheiro mecânico Carlos Lagarinhos, doutor no assunto pela Escola Politécnica da Universidade de São Paulo (Poli-USP), a destinação adequada para os pneus inservíveis ainda deixa a desejar no Brasil.
Inservíveis são os pneus que não têm mais utilidades para rodar em automóveis, ônibus ou caminhões. Apesar de duas resoluções do Conselho Nacional do Meio Ambiente (Conama) obrigarem os fabricantes e importadores a dar uma destinação adequada para pneus que não servem mais, as regras não estão surtindo o efeito desejado, principalmente devido à falta de incentivos, de acordo com Lagarinhos.
“No Brasil, as atividades de reutilização não são regulamentadas e não existem incentivos para a reciclagem ou utilização de matéria-prima de pneus inservíveis”, apontou o especialista à Agência Brasil.
De 2002 a abril de 2011, o descarte inadequado correspondeu a 2,1 milhões de toneladas do produto. Nesse período, os importadores de pneus novos cumpriram 97,03% das metas de descarte estabelecidas, os fabricantes, 47,3% e, os importadores de usados, 12,92%.
No país, é possível encontrar pneus jogados em lixões, rios, ruas e, até mesmo, no quintal das casas, o que pode ocasionar problemas ambientais e, até mesmo, de saúde – o mosquito transmissor da dengue, por exemplo, se reproduz em água parada alojada, muitas vezes, em pneus velhos.
Lagarinhos observou que o alto custo da coleta e do transporte de pneus descartados é a principal dificuldade para a destinação correta desse material. Outro problema levantado pelo pesquisador é que há falta de conhecimento dos consumidores sobre o destino que deve ser dado aos pneus usados.
Asfalto-borracha e Reciclanip
Uma das saídas apontadas por Lagarinhos como solução para o problema seria o aproveitamento de pneus usados como componente para asfalto. “De 2001 a 2010, somente 4,9 mil quilômetros foram pavimentados com asfalto-borracha. Existe uma série de vantagens para a sua utilização, como aumentar a vida útil do pavimento em 30%, retardar o aparecimento de trincas e selar as já existentes, e aumentar o atrito entre o pneu e o asfalto, entre outros", explicou. Falta de incentivos também é problema.
Outra forma de amenizar danos é a Reciclanip, onde os fabricantes nacionais se unem para a coleta e destinação adequada. Ela foi criada em 1999 por representantes das empresas Bridgestone, Goodyear, Michelin e Pirelli, e que a partir de 2010 passou a contar com a Continental.
A entidade afirma ter coletado e destinado, de forma ambientalmente correta, o equivalente a 56,3 milhões de unidades de pneus de carro de passeio (280 mil toneladas) de janeiro a outubro de 2011. Segundo a Reciclanip, levando-se em conta o início do trabalho, no ano de 1999, este número chega a 1,82 milhão de toneladas de pneus inservíveis, que corresponde a 364,3 milhões de pneus de passeio.
Ainda segundo a organização, os fabricantes de pneus investiram US$ 154,4 milhões no programa até outubro de 2011. 

15 de janeiro de 2013

SUSTENTABILIDADE NAS ESCOLAS

Sustentabilidade na escola

Já reparou que quando o assunto é educação tudo no Brasil é urgente? Salários dignos para os professores, escolas bem aparelhadas, universalização digital etc. Educação é um raríssimo consenso nacional e, apesar disso, a impressão que fica é a de que os avanços, embora existam, se diluem frente a tantas demandas urgentes. Tão preocupante quanto a extensa lista de [...]
Já reparou que quando o assunto é educação tudo no Brasil é urgente? Salários dignos para os professores, escolas bem aparelhadas, universalização digital etc. Educação é um raríssimo consenso nacional e, apesar disso, a impressão que fica é a de que os avanços, embora existam, se diluem frente a tantas demandas urgentes.
Tão preocupante quanto a extensa lista de prioridades – o que deveria inspirar um grande projeto nacional apartidário e de longo prazo - é reconhecer que os debates sobre modernização dos conteúdos pedagógicos ficam invariavelmente em segundo plano. Uma escola descontextualizada de seu tempo, encapsulada nas rotinas burocráticas que apequenam sua perspectiva transformadora, está condenada ao marasmo que entorpece sua história e o seu legado. É uma escola que não consegue mobilizar professores, alunos e a comunidade ao seu redor em torno de objetivos comuns que emprestem sentido à existência da própria instituição.
Qual a função social da escola num mundo que experimenta uma crise ambiental sem precedentes na história da Humanidade? Nossa capacidade de redesenhar o modelo de desenvolvimento e construir uma nova cultura baseada em valores sustentáveis depende fundamentalmente da coragem de mudar o que está aí. Que ajustes poderiam ser aplicados à grade curricular tornando essa escola mais apta a preparar esses jovens para os imensos desafios que temos pela frente? Que novos gêneros de informação deveriam mobilizar a comunidade escolar na busca por respostas para questões pontuais sobre as quais não é mais possível negar a importância ou a urgência do enfrentamento? Como preparar essas novas gerações para um mundo que projeta um futuro difícil e extremamente desafiador em função das mudanças climáticas, escassez de água doce e limpa, produção monumental de lixo, destruição sistemática da biodiversidade, transgenia irresponsável, crescimento desordenado e caótico das cidades, entre outros fatores que geram desequilíbrio e instabilidade?
O mundo mudou e a educação deve acompanhar as mudanças em curso. Nossa espécie é responsável pelo maior nível de destruição jamais visto em nenhum outro período da história e, se somos parte do problema, devemos ser parte da solução. Mas não há solução à vista sem educação de qualidade e urgente que estabeleça novas competências, novas linhas de investigação científica, um novo entendimento sobre o modelo de desenvolvimento em que estamos inseridos e a percepção do risco iminente de colapso. Precisamos promover uma reengenharia de processos em escala global que inspire novos e importantes movimentos em rede. Isso não será possível sem as escolas.
A escola de hoje deve ser o espaço da reinvenção criativa, um laboratório de ideias que nos libertem do jugo das “verdades absolutas”, dos dogmas raivosos que insistem em retroalimentar um modelo decadente. Pobres dos alunos que passam anos na escola sem serem minimamente estimulados a participar dessa grande “concertação” em favor de um mundo melhor e mais justo. Quantos talentos adormecidos, quanto tempo e energia desperdiçados, quanta aversão acumulada ao espaço escolar justamente pelo desinteresse brutal e legítimo da garotada a algo que não lhes toca o coração, não lhes instiga positivamente o intelecto, não lhes nutre o espírito? Qual o futuro dessa escola? São cadáveres insepultos.
Uma escola que use a sustentabilidade como mote desse revirão pedagógico amplo e inovador terá como princípio ético a construção de um mundo onde tudo o que se faça, onde quer que estejamos, considere os limites dos ecossistemas, a capacidade de suporte de um planeta onde os recursos são finitos. Temos ciência, tecnologia e conhecimento para isso. Novas gerações de profissionais das mais variadas áreas serão desafiados a respeitar esse princípio sem prejuízo de sua atividade fim. Tudo isso poderia ser resumido em uma palavra: sobrevivência. A mais nobre missão das escolas no século XXI será nos proteger de nós mesmos. Ainda há tempo.

André Trigueiro

2 de janeiro de 2013

10 DICAS PARA SER MAIS SUSTENTÁVEL EM 2013

 
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O período de final de ano costuma ser um momento de reavaliar nossas ações e traçar metas para tornar o próximo ano melhor do que aquele que está indo embora. "No próximo ano vou estudar mais", "no próximo ano vou ganhar mais", e por aí vai.
A cada nova temporada se inicia um novo ciclo em que muitas atitudes podem e devem ser feitas para proteger o nosso planeta. Que tal aproveitar um momento e fixar objetivos de iniciativas que você pode fazer para ajudar?
O mais importante é ter força de vontade e disposição para mudar alguns hábitos e promover a sustentabilidade em todos os momentos de sua vida. Listamos algumas dicas para quem quer começar agora a ser uma pessoa mais sustentável.
1 - Economize água
A água é um recurso natural fundamental para a sobrevivência do ser humano e indispensável também como recurso para produção, desenvolvimento econômico e qualidade de vida. Embora 70% da superfície terrestre seja coberta pela água, somente 1% de todo o recurso natural existente está disponível para o consumo humano. E, mesmo assim, esse percentual ínfimo está sujeito a desigualdade na distribuição e seriamente ameaçado de escassez. Diante disso, é mais do que fundamental reduzir o consumo de água. A ideia não é deixar de usar o recurso, mas sim ter consciência de que é importante poupá-lo.

2 - Poupe energia
Uma das maneiras mais simples de ajudar a reduzir os danos ao planeta e ainda economizar um bom dinheiro é diminuindo seu consumo energético. Mas apesar de exigirem poucas mudanças e pequenas adaptações na rotina, muita gente ainda não põe em prática os hábitos da conservação da eletricidade.
As residências e o comércio do Brasil já são responsáveis pelo consumo de 42,5% de toda a eletricidade utilizada no país. Portanto, se conseguirmos mudar nossos hábitos e reduzirmos nosso gasto em casa e no trabalho estaremos contribuindo com uma parcela relevante do setor de energia.
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3 - Evite o desperdício de alimentos
Na hora de comprar alimentos, cozinhá-los e consumi-los também podemos tomar pequenas medidas que evitam o desperdício de água, gás, combustível e comida. Antes de sair para o supermercado, planeje o cardápio da semana. Desse modo, você compra apenas o suficiente, sem deixar que nada se estrague desnecessariamente. Dê preferência ao consumo de frutas e legumes da estação. Além de mais baratos, indiretamente você também economiza em combustível, diminuindo a emissão de poluentes na atmosfera por conta das distâncias mais longas que os produtos fora de época usualmente requerem em seu transporte.


4 - Coma menos carne
Se cortar de vez a carne do cardápio está além da sua boa vontade, experimente começar aos poucos. Comer carne apenas nos fins de semana é um bom começo para ajudar a poupar o meio ambiente, a sua saúde e, claro, o seu bolso. Tente deixar as carnes, especialmente a vermelha, apenas para os fins de semana e experimente novos pratos de segunda à sexta-feira. Fazendo isso você estará reduzindo em 70% o seu consumo do produto e contribuindo com a redução das emissões de gases causadores do efeito estufa - muito por conta do desmatamento causado pela pecuária ostensiva.

5 - Use os RRR
Inclua no seu cotidiano os famosos 3R's: Reduzir, Reutilizar e Reciclar. O primeiro passo é sempre pensar em reduzir o consumo, seguido de reutilizar ou consertar o que puder, para somente depois começar a pensar na reciclagem. “Lixo” é tudo aquilo que criamos ao jogar nossos dejetos fora sem cuidado ou consciência. Vivemos em um planeta cíclico, que reaproveita tudo que produz e onde nada “sobra”. Ainda assim, agimos como se nosso lixo desaparecesse toda que vez que o jogamos na lixeira. Navegue pela nossa editoria RRR e veja dicas e notícias de como aplicar os 3 R's em sua vida. Participe também da nossa campanha Lixo Zero e viva em um mundo com menos resíduos.

6 -Ande menos de carro
Você pode começar alternando os dias e deixando o carro na garagem algumas vezes por semana. Experimente diferentes meios de transporte, como ônibus, metrô, bicicleta ou a pé, e veja o que é melhor para você. Aos poucos você pode descobrir que andar de ônibus, por exemplo, pode ser tão eficiente quanto de carro, além de poluir menos o meio ambiente, evitar os engarrafamentos e reduzir a conta de combustível no final de mês. De quebra você ainda pode aproveitar a viagem para ler um livro, ouvir uma música ou bater um papo sem precisar se preocupar com o trânsito.
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Foto: Sxc


7 - Seja um consumidor consciente
Todos são responsáveis por promover um consumo consciente e justo – para quem produz, para quem compra e para o meio ambiente. Por isso, faça a sua parte e aja como um comprador responsável estando atento a todos os detalhes do produto ou serviço que for consumir.
Valorize empresas responsáveis com questões socioambientais, informe-se sobre todos os impactos ambientais e sociais causados pela fabricação, transporte e venda daquele produto, evite gastos desnecessários, pesquise antes de abrir a carteira, busque a melhor relação entre preço, qualidade e atitude social em produtos e serviços oferecidos no mercado, atue de forma construtiva junto às empresas para que elas aprimorem seus processos e suas relações com a sociedade e mobilize outros consumidores para a prática do consumo consciente.
Confira mais notícias e dicas na nossa editoria Consumo Consciente.

8 - Voluntarie-se!
Organize seu tempo, escolha uma instituição com a qual você se identifica e seja um voluntário. Não é preciso nada mais além de disposição para ajudar. Pode ser auxiliando pessoas doentes, recolhendo cães desabrigados ou defendendo a Amazônia – o importante é fazer a sua parte. E se você não encontrar nenhuma ONG com a qual se identifica, pode fazer ações individualmente, como participar de campanhas, mobilizar grupos ou apoiar projetos públicos.
Caso você não tenha tempo livre para ir até uma dessas instituições, procure por voluntariados on-line: uma opção para que quer ajudar, mas só pode fazê-lo em casa ou em seu ambiente de trabalho, em alguns momentos específicos.

9 - Informe-se
A informação é uma das maiores ferramentas para uma sociedade mais justa, igualitária e sustentável. Por isso, toda vez que for escolher um produto ou serviço, que for tomar alguma decisão ou formar uma opinião, informe-se muito bem. Um cidadão bem informado é capaz de tomar atitudes mais coerentes e responsáveis e provocar as mudanças que o mundo precisa. Portanto, informe-se!
Leia jornais, livros e revistas e assista aos telejornais. Quando tiver alguma dúvida, procure esclarecê-la com os responsáveis e busque as respostas. A internet é uma excelente ferramenta para quem quer se informar sobre qualquer assunto.

10 - Espalhe a sustentabilidade 
Quando você souber ou aprender alguma coisa nova que possa ser útil para alguém ou para o mundo, divida essa informação. Deixe que o conhecimento chegue a outros ouvidos para que possa ser posto em prática por mais gente. Se cada pessoa que você conhece pudesse pôr em prática alguma pequena ação que ajudasse a transformar o nosso planeta em um lugar melhor, já imaginou que revolução não poderia acontecer?
Então espalhe as novidades, conte algo interessante que ficou sabendo, divida suas experiências.

ETANOL - VANTAGENS E DESVANTAGENS

biocombustiveis etanol
O etanol, também chamado de álcool etílico, é um composto químico que antes de ser um combustível ecológico e alternativo, é usado frequentemente em muitas bebidas alcoólicas, como vinho, licores e cerveja. Também pode estar presente na composição de alguns medicamentos, produtos de beleza, perfumes, solventes e desinfetantes.
O uso do etanol como combustível alternativo para veículos tem suas vantagens mas também desvantagens. Este pode ser usado puro ou misturado com gasolina.
Os benefícios ambientais do etanol.
As vantagens do etanol como combustível alternativo são basicamente três:
  • O etanol está muito mais limpo que os combustíveis fósseis;
  • O etanol combustível pode ser obtido em qualquer lugar do mundo, para que não temos que ser um país dependente de produções estrangeiras;
  • O etanol combustível não tem sido uma tecnologia muito complicada na produção, tanto como bioetanol como em síntese química.
As desvantagens do etanol , no entanto, ainda seguem sendo relativamente suficiente para que não seja inteiramente um combustível alternativo totalmente ecológico.
  • O etanol combustível produz um grande gasto de energia para sua produção.
  • O etanol combustível do tipo bioetanol necessita de muitos terrenos de cultivo para obter a matéria prima. Isso pode resultar em menos terra usada para produzir alimentos ou mas áreas desmatadas para esse cultivo.

BRASIL + ETANOL

O Brasil é reconhecido mundialmente como o país do etanol de cana-de-açúcar. Com razão, pois nenhum país industrializado até hoje conseguiu substituir o uso de gasolina na escala em que aqui foi feito e produzir praticamente metade da energia que consome a partir de fontes renováveis. Dessa metade, 16% vêm do etanol. No Estado de São Paulo, a vantagem é ainda mais marcante: 56% da energia consumida vêm de fontes renováveis, sendo 38% da cana-de-açúcar. O uso do etanol de cana permitiu que São Paulo reduzisse a participação do petróleo na matriz energética estadual de 60% para 33% nos últimos 30 anos.
Desde 1975, a estratégia geral do desenvolvimento do uso de etanol no Brasil foi pautada pelo aumento da produtividade. Efetivamente, o ganho de produtividade tem sido maior do que 3% ao ano nos últimos 40 anos, resultado de melhoramento genético da cana – com o desenvolvimento de variedades mais adaptadas a cada localidade; e do aumento da eficiência industrial da conversão de açúcar em álcool, pela melhoria dos processos de fermentação e destilação.
O crescente interesse mundial pelo uso de biocombustíveis – motivado de um lado pelas dificuldades recorrentes no fornecimento de petróleo e do outro pela crescente preocupação com a emissão de gases de efeito estufa – criou a expectativa de aumento intenso na produção de bioetanol. Um artigo científico, recentemente publicado pelo professor Rogério Cerqueira Leite e colaboradores, mostrou que o Brasil poderia fornecer etanol suficiente para substituir pelo menos 5% da gasolina usada mundialmente. Isso requererá o aumento da produção brasileira dos 22 bilhões de litros produzidos em 2006 para 102 bilhões de litros anuais.
Quando o montante da produção anual começa a assumir valores na casa das centenas de bilhões de litros, aproximando-se do trilhão de litros anuais, impõe-se o desafio da sustentabilidade – ao lado do desafio permanente da produtividade. Produzir etanol requer vários insumos, como água, terra e energia, e o aumento das quantidades pretendidas requer a análise da dependência em relação aos insumos e seu potencial efeito no meio ambiente.
Um dos pontos essenciais para a sustentabilidade é o balanço de energia, que mede quantas unidades de energia são geradas por unidade de energia de origem fóssil utilizada. Na produção de etanol, a energia fóssil é usada, por exemplo, no diesel dos caminhões que transportam a cana da plantação até a usina; ou da usina ao ponto de distribuição. Na plantação se usam tratores e caminhões que consomem mais diesel. Além disso, há o adubo, que em sua fabricação requer mais combustível fóssil. O primeiro trabalho científico feito sobre essa importante questão foi do professor José Goldemberg, publicado na revista Science em 1978, e mostrou as vantagens do etanol de cana.
Mais recentemente, em artigo cientifico de 2008, o professor Isaias Macedo, do Núcleo Interdisciplinar de Planejamento Energético (NIPE), da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), mostrou que com uma unidade de energia fóssil pode-se produzir etanol que gera de 9 a 10 unidades de energia utilizável. O ganho é enorme, praticamente dez vezes mais. Esse balanço energético tão favorável significa que o uso do etanol de cana-de-açúcar ao substituir a gasolina reduz substancialmente as emissões de carbono. Como todos hoje sabem, reduzir emissões de carbono é um dos maiores desafios para a humanidade no século 21. O efeito final é que o uso de etanol no lugar de gasolina reduz emissões em 2.181 kg de gás carbônico para cada mil litros de etanol usado.
Esse balanço energético, tão positivo para o etanol de cana, é muito negativo para o etanol de milho, que os Estados Unidos produzem em grande quantidade. O milho é menos eficiente para produzir combustível líquido – gasta-se uma unidade de energia fóssil para se produzir 1,3 unidade de energia de etanol de milho. Com isso a redução de emissões é bem pequena. Por isso é preciso, quando se trata da sustentabilidade do etanol, explicitar qual a origem do etanol: cana-de-açúcar ou milho.
No uso de água, o etanol de cana-de-açúcar também tem boas características. Um trabalho recente, publicado na revista Proceedings of the National Academy of Sciences (PNAS) em 2009, mostrou que etanol de cana requer 99 m3 de água por GigaJoule (bilhão de Joules) de energia produzidos. Já o etanol de milho precisa de 140 m3 de água para a mesma energia gerada.
Outra questão fundamental para a sustentabilidade é sabermos se o aumento na quantidade de etanol produzida pode afetar outros produtos importantes, como, por exemplo, alimentos. Essa objeção aos biocombustíveis tem sido popularmente aceita na Europa e nos Estados Unidos e é fácil entender por que: estas são regiões do mundo nas quais não há fronteira agrícola a ser explorada – toda a terra arável está em uso. Por isso, falar de plantar “fontes de energia” deslocaria plantações de alimentos. Mas na América Latina e na África há muita terra boa ainda disponível. A disponibilidade nessas duas regiões é especialmente positiva, pois são justamente as regiões mais pobres do mundo e nas quais o desenvolvimento vai levar a maiores demandas por energia.
Um estudo recente, feito por cientistas críticos dos biocombustíveis, mostrou que a área disponível na América Latina e África em 2050 seria de 430 milhões de hectares, já descontando a área necessária para produção de alimentos, habitação, infraestrutura e manutenção de florestas. Ora, o Brasil produz 8 mil litros de etanol por hectare/ano. É razoável supor que essa produtividade poderá chegar, em 2050, a 10 mil litros por hectare/ano, como resultado dos esforços de pesquisa sobre melhoramento da cana. Com essa produtividade – e usando apenas a metade dos 430 milhões de hectares disponíveis – a produção anual seria de 2.150 bilhões de litros por ano. Essa quantidade seria suficiente em 2050 para substituir toda a gasolina que, se prevê, será usada naquela data no mundo todo. Portanto, as perspectivas do etanol de cana são grandes, mesmo sem se considerar avanços tecnológicos que certamente acontecerão nos próximos anos.
Finalmente, é preciso lembrar que, como em quase toda atividade humana, pesquisa e desenvolvimento trazem grandes avanços. No Brasil, a produtividade da terra cresceu de 2.700 para mais de 6 mil litros por hectare por ano – mais que o dobro, no período de 30 anos de 1975 a 2005. Isso foi feito usando-se tecnologia incremental a cada ano. Atualmente, muitos países, inclusive os mais desenvolvidos em ciência e tecnologia, como EUA, Inglaterra, França e Holanda, estão empenhados em melhorar a eficiência da biomassa para a geração de combustível líquido. Um dos caminhos promissores parece ser o da conversão de celulose em etanol ou outros combustíveis.
Outro, já muito usado no Brasil, é o uso da celulose para geração de eletricidade. Por causa disso, a intensidade de pesquisa sobre biocombustíveis cresceu muito e o panorama é muito mais competitivo do que quando praticamente só o Brasil usava etanol.
Essa mudança mundial encerra um perigo e uma promessa. O perigo é que outros países descubram mais depressa do que nós como produzir biocombustíveis mais eficientemente, o que tiraria do Brasil a liderança mundial que o país conquistou por começar antes de todos. Entretanto as vantagens da cana e a dianteira que temos parecem indicar que, se o Brasil for responsável e aumentar a intensidade de pesquisa científica e tecnológica sobre o etanol de cana, poderemos continuar entre os primeiros do mundo nesse campo.
O Governo Federal, o Governo de São Paulo (onde se produz 2/3 do etanol produzido no Brasil) e empresas estão tomando medidas para aumentar o esforço de Pesquisa e Desenvolvimento, seja em áreas básicas da ciência que podem levar a avanços radicais e de enorme impacto, seja em áreas aplicadas que sempre trazem avanços incrementais.
A promessa é que os avanços científicos aumentem a produtividade de forma radical. O uso da celulose, se tiver viabilidade econômica, o que parece ocorrerá em alguns anos, vai aumentar muito a produtividade da cana, pois 2/3 da energia na cana estão na celulose e hoje somente o terço que está no açúcar é usado para produzir etanol. Além disso, há muito a ganhar na produtividade da cana: até hoje, o aumento da produtividade foi alcançado com técnicas de genética tradicional. Somente desde poucos anos atrás, quando a FAPESP criou o programa SUCEST, a busca pelo aumento da produtividade começou a ser feita com base em técnicas de genômica.
Os resultados do SUCEST já permitem identificar genes responsáveis por resistência à seca (e, portanto, menor uso de água), resistência a pragas e conteúdo de sacarose. Há muito ainda a ser feito. Processos fundamentais como a fotossíntese e a fixação de carbono no solo também precisam ser muito mais estudados. Ou seja, há uma ampla pauta de ciência e tecnologia que o Brasil precisa desenvolver para se manter na liderança. Instituições como o Instituto Agronômico de Campinas, o Centro de Tecnologia Canavieira (CTC) de Piracicaba, as universidades estaduais paulistas, a rede de universidades federais para desenvolvimento do setor sucroalcooleiro que compõem a RIDESA, o recém-inaugurado Laboratório Nacional de Bioetanol (CTBE) em Campinas, o Centro Paulista de Pesquisa em Bioenergia, que será criado nas três universidades estaduais paulistas, e o Programa BIOEN, de pesquisas sobre bioenergia, serão determinantes para o futuro desenvolvimento da bioenergia no Brasil. O fato novo é que, talvez pela primeira vez na história do país, existe um tema em ciência e tecnologia no qual temos mais conhecimento do que o resto do mundo e com mais resultados aplicados. Manter essa liderança requer um substantivo aumento da intensidade de P&D estatal e privada nas áreas relevantes.

FONTE
*Carlos Henrique de Brito Cruz é Diretor Cientifico da FAPESP e membro da Academia Brasileira de Ciências. Foi Reitor da Unicamp e Presidente da FAPESP.