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21 de fevereiro de 2013

SE FOR PRA CONSUMIR QUE SEJA COM RESPONSABILIDADE


"O consumo é um pressuposto básico para a vida cotidiana, mas a forma exacerbada como vem sendo feito coloca em risco os processos de renovação dos recursos naturais. Por isso, a mudança de postura para um consumo consciente é urgente.

A pressão sobre o patrimônio natural começa a esgotar os recursos naturais e interferir nos processos de renovação da natureza. O consumo exagerado da sociedade moderna é o principal motor dessa pressão. Atualmente se consome cerca de 25% a mais de recursos do que a natureza consegue repor de acordo com o relatório Planeta Vivo 2006 da organização não-governamental WWF. Para se ter idéia, segundo outra pesquisa da WWF, esta de 2008, se todas as classes sociais adotassem o estilo de vida da elite brasileira, seriam necessários três planetas para sustentar o consumo.

Preocupado com essa situação, o Centro de Estudos em Sustentabilidade da Fundação Getúlio Vargas (GVces) lançou em junho o Catálogo Sustentável (http://www.catalogosustentavel.com.br), um portal em que os visitantes encontram informações de produtos, serviços e empresas sustentáveis. “Criamos um catálogo virtual em um espaço aberto e amplo para reunir e permitir o acesso a produtos com características de sustentabilidade. Nosso objetivo não é, de forma alguma, estimular o consumismo, mas a procura por produtos feitos de forma sustentável”, afirma a diretora executiva do GVces, Rachel Biderman.

Para fazer parte do catálogo, o produto deve atender a pelo menos um dos critérios adotados pela equipe como eficiência energética, toxicidade, biodegradabilidade entre outros. No entanto, essa “peneira” deve ficar mais fina no futuro. “Neste momento inicial, queremos premiar quem deu o primeiro passo. Com o tempo, ficaremos mais rigorosos. De repente, atender a apenas ao critério de eficiência energética não será suficiente, também precisará ser feito com material reciclado, mas o mercado não dispõe desses produtos atualmente”, explica Biderman.

Outro objetivo da iniciativa é divulgar informações referentes à sustentabilidade empresarial, de forma a estimular que a demanda influencie a construção de um novo modelo de produção. Desde os cidadãos consumidores até as grandes empresas e órgãos públicos compradores estão dentro do público alvo. “Queremos que o catálogo também sirva como uma ferramenta de educação. Caso precise realmente consumir, que procure por produtos com menos impactos”, explica a diretora executiva do GVces.

O que precisa é consciência

Iniciativas como o catálogo sustentável são importantes, mas ainda falta compreensão da população sobre o seu impacto na natureza. “Falta nas pessoas consciência sobre o que estão fazendo. O ato da compra é desvinculado da consciência sobre o impacto da compra sobre o ambiente”, afirma a analista de projetos ambientais da Fundação O Boticário de Proteção à Natureza, Maísa Guapyassú.

O ecólogo ambientalista e professor da Universidade Regional de Blumenau (SC), Lauro Bacca, afirma que as pessoas estão perdendo a referência devido ao aumento absurdo do consumo. “Comemora-se muito que conseguimos reciclar cerca de 90% das latinhas de refrigerante no país, mas se esquece que os outros 10% que acabam no ambiente representam aproximadamente um bilhão e meio de latas só no Brasil. Há 20 anos, esse número era zero, agora, a quantidade é imensa”, explica.

O professor acredita que a questão ambiental cresceu bastante nos últimos anos, porém a devastação ambiental aumentou muito mais. “Os carros de hoje lançam uma quantidade muito menor de poluentes no ar do que os de 20 anos atrás, mas o número de automóveis nas ruas anula esse avanço. Vivemos uma era de ilusão ambiental, esses avanços são necessários, mas temos que acabar com a crença de que só porque inventamos uma tecnologia avançada ambientalmente as coisas estão às mil maravilhas”, comenta Bacca.

O afastamento do homem moderno da natureza é outro dos fatores que contribuem para o desinteresse das pessoas em ter mais cuidado com suas atitudes de consumo, segundo Guapyassú. “Essa desconexão faz com não tenham consciência de suas ações. Acham que a tecnologia vai resolver tudo independentemente do custo”, afirma.

Consuma mais, consuma muito

O processo de indução ao consumo feito pelos diversos meios de comunicação também é responsável pelo problema, pois entra em conflito com a necessidade de ter mais cuidado na hora de comprar. “Esse modelo de sociedade de consumo criou a utopia de que o Brasil é um país inesgotável”, afirma Oscar Fergutz, analista de projetos da Fundação Avina. Guapyassú divide a mesma opinião, “queremos que as pessoas tenham comportamento ambientalmente correto, mas ao mesmo tempo elas são bombardeadas com propaganda e se valoriza a compra de produtos desnecessários. Estamos em um mundo em que as pessoas são valorizadas pelo consumo”, afirma.

Bacca não acredita que alguém diga que o meio ambiente não é importante, mas na hora de tomar medidas positivas para a natureza, mesmo as mais simples, é difícil encontrar pessoas dispostas a isso. Para ele, o governo também tem sua parcela de influência, pois não cria ações efetivas para estimular essa mudança. “O consumo consciente ainda não atingiu a grande massa e as autoridades são responsáveis em grande parte por isso. Pouco se divulga, pouco se impõem. Os governantes gostam muito de dividir o ônus com a população, nunca o bônus”, comenta.

“Se essa lógica se perpetuar, estaremos sempre pressionando o meio ambiente, pressionando na produção com a retirada dos recursos, e depois na volta, na hora do descarte. Cria uma pressão sobre o planeta tão grande, que ele não consegue se recuperar”, explica Biderman.

Tomando a frente

Oscar Fergutz é um desses consumidores que sempre procuram levar em consideração o impacto do produto e de suas ações sobre o meio ambiente. Sempre observa a quantidade de embalagens, a eficiência energética, a distância do transporte da mercadoria na hora de adquirir alguma coisa. Para ele, a responsabilidade social não pode ser só das empresas e dos governos, mas de todos que fazem parte da sociedade. “Devemos estar conscientes o tempo inteiro. Tudo o que fazemos consome recursos do planeta”, afirma.

É este tipo de postura que o planeta precisa urgentemente de seus mais numerosos habitantes. “Nosso planeta Titanic está afundando e as pessoas não estão percebendo, continuam na proa do navio fazendo festa”, conclui o professor Bacca.

Para saber mais sobre consumo consciente, visite os sites do GVces (http://www.ces.fgvsp.br), do Instituto Akatu (http://www.akatu.org.br) e do Idec - Instituto de Defesa do Consumidor (http://www.idec.org.br)."

Fonte: Envolverde/Fundação O Boticário

CONSUMIR COM RESPONSABILIDADE

Consumir com responsabilidade é um exemplo para nossos filhos


Maria Lucia BarciotteTEXTO DE:

Maria Lucia Barciotte é Bióloga, Mestre em Biologia e Doutora em Saúde Pública e Ambiental pela Universidade de São Paulo.



Você já se deu conta de que uma simples ida às compras é uma super oportunidade pedagógica de transmitir e “ensinar” cidadania para nossos filhos? Como consumidores devemos escolher, decidir, reivindicar direitos, assumir responsabilidades. Estamos preparados? Escolhemos de fato o que consumimos? Onde aprendemos a ser consumidores? Na escola? Em casa? E quem nos ensina?

A propaganda nos informa ou nos iludi? Seremos transformados em heróis e heroínas românticas usando tal desodorante? Ou fumando tal cigarro? E refrigerante mata a sede? Ou água é que alivia a nossa sede e o refrigerante pode ser tomado como opção, pelo prazer que nos proporciona? E dar refrigerante nas mamadeiras para os nossos bebês é bom? E criar adolescentes que nunca bebem água. É saudável?

Parece que está difícil. E a tendência é piorar. Nós brasileiros entramos na sociedade de consumo como em uma grande festa. Saindo de zonas rurais ou de pequenos e médios núcleos urbanos, aprendendo a comprar em armarinhos e pequenas lojas nos deparamos com o universo dos shopping centers e dos hipersupermacromercados.

É muita cor, muita luz e muito apelo ao consumo por impulso. Cada vez mais nossos olhos e sentidos serão sensibilizados, cada vez mais produtos se oferecerão nessa grande feira. Só que cada vez mais teremos que optar, pois mesmo que quiséssemos não poderíamos comprar e ter tudo o que o mercado nos oferece. Nem se fossemos “ronaldinhos”.

Portanto parece incrível mas consumir é um exercício de liberdade. Dizer sim ou não. Consumir com responsabilidade é a capacidade deescolher produtos e serviços mais adequados para cada um de nós, utilizando bem o nosso rico dinheirinho, cada vez mais duro de ganhar. Esse consumo responsável fica ainda melhor quando incorpora o conceito de consumo sustentável.

Consumo sustentável é a possibilidade de escolher o que vamos consumir e o que a indústria produz, levando em conta também o impacto ambiental que aquele produto ou serviço originou desde a retirada da matéria prima da natureza para a sua produção até o que ele irá causar durante o seu uso ou após o seu descarte.

O ideal é que os produtos sejam desenvolvidos a partir de projetos que já levem em consideração a variável ambiental (o chamado “design” ambiental) e que sejam projetados gerando o menor impacto possível, por exemplo, de fácil desmontagem e utilizando materiais que facilitem a reciclagem, não utilizando materiais tóxicos na sua produção, como tinta ou vernizes, ou até gases tóxicos como os CFCs e similares.

Muitas empresas já alteraram os seus processos produtivos, substituindo matérias primas e reduzindo a quantidade de resíduos gerados, entre outra ações, porque já descobriram que prevenir a poluição pode ser também um bom negócio, e bem melhor que remediar, como afirma o senso comum.

Fica clara a importância do nosso papel. Como consumir com responsabilidade e de forma sustentável e transmitir esses valores para os nossos filhos? O primeiro passo é a informação. Devemos nos informar sobre as várias características dos produtos que consumimos, tendo idéia da sua composição e seus efeitos à nossa saúde, nossa segurança e ao ambiente, assim como desperdiçando menos, comprando menos descartáveis, evitando desta forma a geração de lixo. São passos importantes.

Fazer a opção pelo consumo responsável e sustentável é um direito de qualquer pessoa. Tanto pode ser realizado por um dona de casa para sua pequena família de 3 ou 4 pessoas, como pode ser a opção de um empresário responsável por uma grande empresa. Você sabia que em média gasta-se em um escritório 10 copinhos plásticos descartáveis por dia por pessoa? Por exemplo uma empresa com 2.500 funcionários chega a gastar 30 000 copinhos por dia! E na nossa casa também não desperdiçamos?

Exigir durabilidade de um produto (existem produtos que já são um lixo na hora da compra, não?) e comprar produtos reciclados de boa qualidade também são passos importantes. Ainda não temos todas as respostas mas já temos várias perguntas e respostas para algumas delas. Já é o começo do caminho.

Aprender a escolher e ajudar nossos filhos nessa atitude crítica e saudável, com certeza nos transformará em pessoas melhores e ampliará o nosso papel frente ao mundo, assim como nossa capacidade de agir e transformá-lo, melhorando a nossa a realidade e fazendo-nos parceiros do futuro.